segunda-feira, 11 de julho de 2011

Indicadores em questão - I

Durante o V Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas em Saúde/ABRASCO, realizado em 18 de abril deste ano, aconteceu o Fórum de Editores de Revistas da Área de Ciências Sociais e Humanas em Saúde/Abrasco, com o objetivo de discutir a difusão científica no campo da saúde pública, considerando a diversidade de temas que este domínio multidisciplinar da ciência pode englobar.

Um dos temas debatidos no evento foram os critérios da Capes para classificação de periódicos científicos da área da saúde pública. A discussão originou um documento que está chamando a atenção dos editores.  

Leia na íntegra:

À Presidente do V Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas em Saúde,

O Fórum de Editores de Revistas da Área de Ciências Sociais e Humanas em Saúde, reunido em 18/04/2011, durante o V Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas em Saúde, com a participação expressiva de editores das diversas revistas do campo da Saúde Coletiva e autores, vem solicitar, pela importância dos assuntos discutidos, a inclusão na agenda da ABRASCO do debate das questões que seguem e o encaminhamento deste documento a Área de Saúde Coletiva da CAPES.

Os participantes concluíram pela urgente necessidade de revisão dos parâmetros de classificação das revistas na área de saúde coletiva da CAPES.

Reiteradamente temos presenciado manifestações de pesquisadores, docentes, autores e editores criticando veementemente a hegemonia de abordagens biomédicas em detrimento da natureza plural, rica e interdisciplinar do campo da Saúde Coletiva, com o risco de exclusão de áreas importantes como as ciências sociais, ambientais, a saúde do trabalhador, gestão, promoção da saúde etc.

Os participantes verificam esta hegemonia como uma ameaça de empobrecimento do campo e solicitam que sejam respeitadas e valoradas distintamente as características específicas e a diversidade do campo que inclui entre outras as ciências sociais e humanas, e que se considere a produção de critérios qualitativos de avaliação das revistas.

Avaliam que os critérios bibliométricos vêm respondendo mais à lógica de mercado com claro favorecimento dos periódicos internacionais, em detrimento de importantes esforços nacionais, como as citações por meio do SciELO.

Consideram ainda que a internacionalização não deva se limitar a versão em inglês dos artigos mantendo-se "resíduos" colonialistas, respeitando a circulação de artigos sobre localidades e especificidades geográficas ou sociais singulares.

Percebe-se ainda um distanciamento do caráter formativo de linhas editoriais, que se preocupam em estimular o debate e reflexão entre autores e leitores e, particularmente, na formação de novos autores.

O Fórum recomenda que os editores devam constituir agenda de trabalho visando garantir a multiplicidade de revistas da área, discutir a política de financiamento, promover formas de colaboração entre as novas revistas e revistas consolidadas, e estimular o ingresso de novos participantes na ABEC.

Recomenda ainda a realização de seminários conjuntos entre fórum de editores e fórum de coordenadores de pós-graduação da área.

Presentes do Fórum: Cadernos de Saúde Pública; Interface, Comunicação, Saúde e Educação; Physis; Revista Brasileira de Ciências Sociais; Revista Brasileira de Epidemiologia; Revista de Saúde Ocupacional; Revista de Saúde Pública; Salud Colectiva; Saúde & Transformação Social; Saúde e Sociedade.

Demais participantes: Aurea Ianni; Gladys Benito; Helena Ribeiro; Ivan França Junior, Mara de Andréa Gomes; Maria da Penha C. Vasconcellos; Rodolfo Vilela; e Rubens Adorno.

Adesões ao documento: Ciência &Saúde Coletiva, Revista de Bioética; Revista de Direito Sanitário; Revista Baiana de Saúde Pública e Saúde em Debate.

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